
O deputado Geraldo Tenuta Filho do DEM de São Paulo resolveu criar uma lei que de tão absurda, ele mesmo reconheceu: "sabemos que serão apontadas inconstitucionalidades no projeto, mas acreditamos que será, pelo menos, uma maneira de começarmos a discutir novas maneiras de ver o direito autoral na internet". Grande frase. Discutir "novas maneiras de ver o direito autoral" fazendo uma lei que, se aprovada, poderá cortar a conexão de internet dos usuarios que compartilharem músicas e vídeos. Um diálogo muito aberto. Depois da bizarrice de uma americana ser condenada a pagar quase 2 milhões por fazer download de músicas, mais essa. Seria até engraçado ver os provedores de internet obrigados a cortar a conexão de milhões de seus usuários. Certamente algo muito dentro da realidade.
Um argumento muito utilizado pelas pessoas que apóiam um maior controle e regulamentação do compartilhamento de arquivos é o de que a produção cultural vai ser desestimulada, pois o artista receberá menos pela suas criações. Algo que eu sempre pensei e que foi comprovado por uma pesquisa da Harvard Business School, é que o lucro maior dos artistas não é com venda de álbuns, pois a maior parte desse dinheiro vai para as gravadoras, que têm um faturamento absurdo. A maior fonte de renda dos músicos vêm de outros fatores como shows ou publicidade. Desde 2000, o lucro dos artistas com shows cresceu e a produção duplicou. Outro aspecto da pesquisa aponta que a indústria fonográfica está com seus ganhos melhor distribuídos. As gravadoras estão diminuindo os lucros enquanto empresas relacionadas ao mundo musical estão aumentando os seus.

Para os músicos espertos e que não fazem comparações idiotas pressionados pelas gravadoras, a internet deve ser vista como uma forte aliada. Ela facilita muito o acesso dos fãs às suas músicas, aumentando o reconhecimento se sua música for realmente boa. Este é um fator que me agrada muito. Percebe-se uma crescente(embora ainda não tão grande assim) despadronização da música. Com mais espaço para bandas independentes e diferentes não somos forçados a ouvir sempre a mesma coisa ou o que é "comercialmente viável". Para mim esse seria um dos maiores frutos do novo modelo de produção musical que as gravadoras teimam em tentar frear. Cada um teria a liberdade de escolher o que escutar, o mainstream seria mais amplo e não tão controlado pelas mesmas empresas e visões de sempre.
Talvez seja uma idéia utópica, mas vejo como uma realidade cada vez mais próxima se pessoas totalmente fora do contexto como o nosso camarada Bispo Gê Tenuta forem gentilmente convidadas a se antenar no que acontece no mundo e nas mídias.
Deixo como sugestão o documentário STEAL THIS MOVIE (Roube este Filme), que ajuda a entender o contexto disso tudo.
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